The Quarterly Review of Biology · Dezembro de 2010
DOI: 10.1086 / 656904
Autores: Maarten Boudry (Ghent University), Stefaan Blancke (Ghent University) e Johan Braeckman (Ghent University)
Resumo
O conceito
de Complexidade Irredutível (CI) tem desempenhado um papel fundamental
na ressurgência do movimento criacionista durante as duas décadas
passadas. Biólogos evolutivos e filósofos tem rejeitado, univocamente,
a suposta demonstração de ‘design inteligente’ na natureza, mas tem
havido várias e aparentemente contraditórias linhas de crítica. Nós
argumentamos que isto é devido ao fato da incoerência do próprio
conceito de uso da CI por Michael Behe. Este artigo oferece uma análise
de vários equívocos inerentes ao conceito e discute a forma como os
defensores do teoria do Criacionismo do Design Inteligente (CDI) têm
convenientemente tornado a CI em um alvo móvel. Uma análise destas
estratégias retóricas nos ajuda a entender porquê a CI ganhou tanta
proeminência no movimento do CDI e porquê, apesar da sua ausência de
méritos científicos, ela até mesmo convenceu algumas pessoas bem
informadas da iminente morte da teoria evolutiva.
Palavras-chave
Complexidade Irredutível; Biologia Evolutiva; Pseudociência; Equívocos Conceituais; Criacionismo do Design Inteligente.
Introdução
Até a sua
dramática derrota legal no caso Kitzmiller vs. Dover, o Criacionismo do
Design Inteligente (CDI) foi a mais bem sucedida pseudociência das duas
décadas passadas, pelo menos quando medido em termos de influência
cultural. É instrutivo dar uma olhada na forma pela qual esta espécie de
criacionismo conseguiu este sucesso, não obstante seus retrocessos
estratégicos periódicos e completa ausência de méritos científicos.
Certamente, uma explicação completa iria incluir razões religiosas,
sócio-políticas e históricas, mas neste artigo nós vamos olhar mais de
perto a caixa de ferramentas conceitual e estratégias retóricas dos
criacionistas do DI. Como um estudo de caso, aqui nós iremos nos
concentrar no conceito central de ‘complexidade irredutível’ (CI), mas
outros exemplos podem ser encontrados. Nossa análise mostra que os
equívocos conceituais inerentes ao conceito de CI, em particular sua
função potencial como um alvo móvel nas discussões (Boudry and
Braeckman, 2010), pode ajudar a compreender o superficial apelo do
argumento do design baseado na CI, o qual é somente o mais recente de
uma longa séria de ‘desafios’ criacionistas armados contra a teoria
evolutiva.
Complexidade Irredutível
Em 1996, o
bioquímico e proponente do DI, Michael Behe, introduziu o infame
conceito de complexidade irredutível (CI) em seu livro Darwin’s black box.
Embora os críticos de Behe univocamente concordem que ele falhou em
demonstrar traços de ‘design inteligente’ na natureza, tem havido muitas
linhas de crítica, aparentemente contraditórias. Alguns cientistas
evolutivos afirmam que os sistemas biológicos algumas vezes exibem CI
conforme Behe a define, mas eles negam que isso coloca um problema para a
teoria evolutiva (e.g. Orr, 1997; Shanks and Joplin, 1999; Miller,
2000). Outros sustentam que Behe nunca demonstrou a existência genuína
de CI na natureza (e.g. Pigliucci, 2002; Forrest and Gross, 2007b).
Pennock (1999:264-272) concorda com esta crítica, mas adimite a possível
existência de sistemas biológicos CI, argumentando que estes, em
qualquer caso, não ameaçariam a teoria evolutiva. Nós propomos que este
criticismo aparentemente contraditório é de fato devido ao própria
definição incoerente e uso enganoso da CI por Behe. Então, nós
analisamos os equívocos conceituais inerentes à abordagem de Behe em
vários níveis (ver também Dunkelberg, 2003). Finalmente, nós
argumentamos que estes tipos de equívocos permitem que Behe e seus
colegas do CDI criem um alvo móvel para sua teoria, assim a imunizando
conta a crítica.
A evolução da Complexidade Irredutível
O conceito
de CI, em si, tem um interessante pedigree ‘evolutivo’ (Forrest and
Gross, 2007a:302). Ainda nas décadas de 1970 e 1980, criacionistas da
Terra jovem usaram termos similares para descrever sistemas biológicos
que eram alegados obstáculos à teoria evolutiva. Em 1974, Henry Morris,
fundador do Institute for Creation Research e pai do movimento Ciência
da Criação, argumentou em seu influente livro Scientific Creationism que
“o problema é simplesmente se um sistema complexo, no qual muitos
componentes funcionam juntos, e nos quais cada componente é unicamente
necessário para o funcionamento eficiente do todo, poderia surgir por
processos aleatórios.” (Morris, 1974:59) Em 1980, Ariel Roth,
criacionista da Terra jovem, argumentou que a “criação e várias outras
visões podem ser apoiadas em dados científicos que revelam que a origem
espontânea de sistemas bioquímicos complexos e integrados, até
dos organismos mais simples, é, na melhor das hipóteses, um evento muito
improvável.” (Roth, 1980:83) [itálico nosso] Behe tem simplesmente
adaptado estas noções criacionistas para seus próprios fins. Considere a
sua definição de CI em Darwin’s black box:
Por irredutivelmente complexo
quero dizer um único sistema composto de várias partes que interagem e
contribuem para a função básica, e onde a remoção de qualquer uma das
partes faz com que o sistema efetivamente cesse o funcionamento. Um
sistema irredutivelmente complexo não pode ser produzido diretamente
(isto é, pelo melhoramenteocontínuo da função inicial, que continua a
funcionar pelo mesmo mecanismo) por pequenas modificações sucessivas de
um sistema precursor, porque qualquer precursor de um sistema irredutivelmente complexo que falte uma parte é, por definição, não
funcional. Um sistema biológico irredutivelmente complexo, se existe tal
coisa, seria um poderoso desafio à evolução Darwiniana. (Behe, 2006:39)
Complexidade redundante e irredutível
Behe então
procede argumentando que, especialmente ao nível subcelular, muitos
sistemas biológicos (e.g. o flagelo bacteriano) exibem CI. Muitos
críticos observaram, entretanto, que os componentes de um sistema
biológico típico manifestam considerável sobreposição e redundância
funcional. Contrários às asserções de Behe, os sistemas vivos com
frequência são bastante robustos às perturbações, apesar ou até mesmo
por causa de sua complexidade (Ciliberti et al., 2007). No geral, o
sistema exibe o que foi denominado “complexidade redundante” (Shanks and
Joplin, 1999). Por exemplo, se eliminarmos um ou vários elementos da
cascata de coagulação sanguínea, que Behe pensa ser uma instância de um
sistema CI, o sistema ainda consegue executar sua função, embora não tão
rápida ou eficientemente quanto antes. Da perspectiva da teoria
evolutiva isso não é surpreendente: a seleção natural é um processo
desajeitado e oportunista que trabalha com o material disponível. Assim,
o generalizado fenômeno de complexidade redundante torna perfeitamente
claro que a evolução por seleção natural pode gradualmente produzir
sistemas cada vez mais complexos sem a chefia de um designer inteligente
(ver abaixo).
Dupla vida conceitual
Com certeza,
não é difícil de encontrar exemplos de sistemas bioquímicos nos quais a
remoção de apenas uma parte prejudica o sistema inteiro. Mas considere
as frases de Behe “efetivamente cesse o funcionamento” e “por definição,
não funcional”. Há duas possíveis reconstruções desta definição: 1) o
termo “funcionamento” refere-se exclusivamente à função básica
atualmente executada por todo o sistema (e.g. o motor rotativo do
flagelo bacteriano) e não pertence a outras funções possíveis (em outros
contextos) quando um ou mais componentes são removidos; 2) a frase
“efetivamente cesse o funcionamento” inclui qualquer função que o
sistema danificado ou um de seus componentes possam realizar em outros
contextos. Em princípio, não é muito difícil descobrir se um sistema
exibe CI no primeiro sentido, o senso fraco. Deixando de lado a
ambiguidade com relação ao que são as “partes” naturais nas quais o
sistema tem de ser decomposto (Dunkelberg, 2003; Sober, 2008:135-160),
basta fazer knock out destas partes, uma após a outra, e ver se o
sistema ainda pode realizar sua função básica. Mas, de novo, a evolução
por seleção natural é perfeitamente capaz de produzir sistemas complexos
funcionais exibindo CI no senso fraco. Por exemplo, Lenski et al.
(2003) usaram uma população de “organismos digitais” (i.e. programas de
computador) para simular a evolução de sistemas complexos funcionais.
Realizando uma série de experimentos de knock out em uma das funções
complexas que emergiram de sua simulação, Lenski et al. foram capazes de
determinar como muitas instruções “genômicas” estavam envolvidas em seu
funcionamento. Os pesquisadores descobriram que a função “depende de
muitos componentes em interação” (2003:141), a remoção de qualquer um
causando a quebra do sistema.
De fato,
apena um sistema CI no segundo sentido, senso forte, poderia
possivelmente colocar um problema para a teoria evolutiva, porque ele
excluiria sistemas-precursores evolutivos e o desvio de função dos
componentes do sistema. Contudo, é difícil ver como Behe poderia até
mesmo começar a demonstrar a existência de um sistema assim sem recair
no clássico “argumento da ignorância” (Pigliucci, 2002:67).
Curiosamente, Behe maliciosamente explorou esta própria ambiguidade ao
responder seus críticos.
Em sua
definição inicial, Behe dá a entender a interpretação fraca, mas então
procede para usar o conceito em uma linha de raciocínio que apenas faz
sentido sob a interpretação forte. Precisamente devido ao flagelo ser
CI, Behe nos diz, ele não poderia ter evoluído por meio de mutações
aleatórias e seleção natural. Entretanto, quando os críticos objetam que
os componentes dos sistemas bem poderiam realizar funções outras em
outros contextos, ou quando eles apontam para a possibilidade de
indiretas vias evolutivas, Behe muda de volta para a definição fraca e
culpa seus críticos de deturpar seu argumento.
Uma ratoeira conceitual
Por exemplo,
Robert Pennock (1999:267) objetou ao argumento de Behe para o design
que “mesmo se um sistema for irredutivelmente complexo com respeito à
função básica definida, isto de maneira alguma implica que variações
próximas não poderiam servir de outras funções próximas.” Razoavelmente,
Pennock interpreta o argumento de Behe em um sentido que se destina a
impedir qualquer intermediário funcional em uma via evolutiva direta ou
indireta ao sistema atual:
“Behe afirma
que nunca poderia haver quaisquer intermediários funcionais que a
seleção natural pudesse selecionar na direção de qualquer sistema irredutivelmente complexo, mas não pode fornecer conclusão empírica de
seu argumento conceitual “por definição.” (1999:267-268)
O raciocínio
de Pennock está correto, com certeza, mas no prefácio da 10ª edição de
aniversário de Darwin’s Black Box, Behe (2006:258) relata que “Pennock
[simplesmente] substituiu seu próprio conceito de complexidade
irredutível pelo meu”, depois volta à versão fraca, a qual meramente
exclui melhoramentos diretos no sistema: “Pelo contrário, na página 40,
eu assinalei que, embora a complexidade redutível exclua rotas diretas,
ela não exclui automaticamente as rotas indiretas.” (ver também
Ratzsch, 2005). Assim, Behe protesta que Pennock “ignorou as
qualificações importantes” (Behe, 2001:707) e simplesmente “construiu
sua rígida definição espantalho de CI.” Mas o próprio Behe corajosamente
declarou que qualquer sistema CI é um “poderoso desafio à evolução
Darwiniana” (2006:39), e que “nós não sabemos de nenhum outro mecanismo,
incluindo o de Darwin, que produza tal complexidade.” (1996:25) Assim, o
fato de as próprias qualificações de Behe serem inconsistentes com sua
orgulhosa apresentação da CI como um grande obstáculo para a evolução,
dificilemente é um problema para Pennock. Relacionado a esse ponto, Behe
reconhece que Pennock expôs uma fraqueza na definição de CI, devido a
seu foco em sistemas já funcionais ao invés do desenvolvimento evolutivo
de tais sistemas. Behe prometeu “reparar este defeito em um trabalho
futuro” (Behe, 2001:695), mas ele nunca cumpriu aquela promessa,
preferindo ignorar completamente o problema.
Entretanto, a
negligência do desenvolvimento evolutivo na definição de Behe é
dificilmente algo trivial, e sua concessão a respeito das rotas
indiretas é bastante importante, que parece estar completamente ausente
na sua definição original (ver também Sober, 2008:161-162). Já no começo
do século 20, o geneticista Herman Muller explicou como sistemas
biológicos que dependem de complexas ações “interligadas”podem surgir
por processos evolutivos: “Muitos dos caracteres e fatores que, quando
novos, eram originalmente apenas uma habilidade finalmente tornam-se
necessários porque outros caracteres e fatores necessários foram
posteriormente alterados de modo a serem dependentes do precedente.”
(Muller, 1918:463:464) Assim, a complexidade redundante eventualmente
pode gerar CI (sob a interpretação fraca). Mais recentemente, o
bioquímico e biólogo molecular A. G. Carins-Smith formulou o que é em
essência a noção que Behe tem de CI, e propôs a analogia dos “andaimes”
na construção de um arco para explicar a evolução de sistemas CI
(Carins-Smith, 1986; ver também Orr, 1997; Pennock, 2000). A arco de
pedra clássico é CI senso fraco, pois a estrutura irá colapsar logo que
se remove a pedra angular ou uma das outras pedras. O suporte do andaime
é necessário na construção de um arco de pedra, mas uma vez completado o
arco, o andaime pode ser removido com segurança. Em uma veia similar,
uma estrutura bioquímica pode ter funcionado como um andaime na evolução
de um sistema CI, antes de se tornar dispensável e desaparecer: “antes
que os vários componentes da bioquímica atual pudessem se ajuntar em
alguma outra coisa” (Cairns-Smith, 1986:61).
Behe tem
repetido um truque de mão similar quando lida com as objeções do biólogo
molecular Kenneth Miller (2000). Miller aceita que alguns sistemas
biológicos são CI como Behe os defnine (versão fraca), mas ele contesta
as conclusões anti-evolulucionistas que Behe deriva da CI. Como um
contra exemplo da afirmação de Behe, Miller oferece uma plausível
reconstrução da história evolutiva do aparato auditivo mamífero de cinco
partes, que ele argumenta se encaixar na definição de CI. Miller
demonstra que as partes individuais do aparato auditivo – martelo,
bigorna e estribo – evoluiu da parte traseira da mandíbula reptiliana.
Importante, antes que eles migrassem para o meio da orelha e fossem
adaptados para seus novos propósitos, estas estruturas eram
perfeitamente funcionais de fato. Assim, Miller conclui que a declaração
de Behe (2006:39) no sentido de que “qualquer precursor de um sistema irredutivelmente complexo que falte uma parte é, por definição, não
funcional” está claramente errada. Razoavelmente, Miller (2000:139)
agora desafia a CI senso forte e demonstra o ponto crucial, que é o que
“A necessidade de interligação [das partes do sistema de trabalho final]
não significa que o sistema não poderia evoluir a partir de uma versão
mais simples.”
Behe
(2006:259), entretanto, respondeu que Miller “inventou sua própria
definição privada de complexidade irredutível, e então argumenta
contra”. É bem possível, escreve Behe, que componentes individuais de
um sistema CI pode exercer funções em diferentes contextos. Assim, de
acordo com Behe (2006:260), Miller “redefiniu complexidade irredutível
para que signifique que nenhuma das partes componentes de um sistema CI
possa ter sua própria função separada do sistema.”
Mas, de
novo, o equívoco está na definição de Behe, não na crítica de Miller.
Tendo em mente que Behe trata a CI como um obstáculo intransponível para
a evolução – que já é claro na própria expressão do termo “irredutível”
– o crítico naturalmente confronta a reivindicação de Behe de
“não-funcionalidade” apontando para diferentes funções executadas por
precursores evolutivos de sistemas CI, os quais podem ou não ter contido
partes do sistema atual.
Afinal, se
mantemos em mente que os sistemas biológicos podem ser exaptados ao
longo da evolução para outra função que não aquela para qual foi
originalmente selecionado, sendo integrado, por exemplo, como parte de
um novo sistema realizando uma nova função diferente, então a firmação
de “não-funcionalidade” de Behe se torna trivial (versão fraca) ou
claramente errada (versão forte).
O remédio conceitual de Dembski
Em No Free Lunch
(2002) o criacionista aliado de Behe, William Dembski, propôs remediar
os problemas conceituais da CI. Ele acha que o conceito de CI é
“recuperável” (2002:280), e após uma série de modificações, chega à
seguinte nova definição:
Definição (final) de CI – Um sistema realizando uma dada função básica é irredutivelmente complexo
se ele inclui um conjunto de partes bem adaptadas e mutualmente
interativas tal que cada parte do conjunto seja indispensável para a
preservação da função básica, e portanto original, do sistema [ênfase nossa]. O conjunto destas partes indispensáveis é conhecido como o núcleo irredutível do sistema. (Dembski, 2002:285)
Adequadamente, Dembski argumenta (1999:148), a CI de um sistema é diretamente uma questão empírica:
O
nocauteamento individual de cada proteína constituinte de um sistema
bioquímico irá determinar se sua função é perdida. Se sim, nós estamos
lidando com um sistema irredutivelmente complexo.
Claramente, Dembski “ajustou” o conceito de CI na direção da interpretação fraca, restringindo a definição à função original básica
do sistema. Sua versão atualizada tem o mérito da clareza conceitual
(mas ver Perakh, 2002), mas ao remediar a ambiguidade conceitual de
Behe, Desbski na verdade retira toda a fúria do argumento. Se a CI assim
concebida é consistente com rotas indiretas e tortuosas, explicação do
tipo andaime, sobre o que é toda esta algazarra? O colapso da CI nas
mãos de Dembski ilustra que a ambiguidade conceitual que ele estava
tentando salvar na verdade era muito conveniente para Behe.
Nunca basta
Mesmo depois
do tratamento de Dembski, os equívocos a respeito do conceito de CI
ainda não estão resolvidos. Tendo falhado em provir um critério objetivo
que faça das explicações evolutivas impossíveis, os
proponentes do CDI retiraram-se para uma reivindicação probabilística
mais fraca: conforme o número de componentes individuais de um sistema
CI aumenta, a plausibilidade de uma sucessão gradual de leves
modificações torna-se cada vez muito menor: “a força da inferência
depende do número de partes, e quanto mais intricada e sofisticada a
função, mair forte é a conclusão de design.” (Behe, 2006:265) Deixando
de lado os problemas com esta alegada correlação entre o número de
partes e a força da inferência de design, amplamente documentadas por
Pennock (1999:270), ainda parecemos ter uma afirmação testável. Se nós
pudermos encontrar um precursor bem funcional para um dos sistemas
discutidos por Behe (ou um de seus componentes), o se pudermos construir
um plausível via evolutiva para um dos exemplos de Behe, o argumento da
‘probabilidade’ colapsa.
As
reivindicações de Behe de fato têm sido testadas contra os fatos e
deixaram a desejar (Miller, 2000; Lenski et al., 2003; Young e Edis,
2006; Forrest e Gross, 2007a). Em resposta a estas demonstrações,
contudo, os proponente do CDI tardiamente ‘reinterpretaram’ suas
reivindicações iniciais a fim de removê-las do alcance dos críticos. Uma
primeira estratégia para este fim consiste em desviar o ônus da prova
de vias evolutivas plausíveis para a história evolutiva real,
sustentando que os grandes contornos da da explicação evolutiva
plausível não são mais do que os pensamentos ilusórios e especulações
darwinistas. A mesma técnica de propaganda enganosa pode ser discernida
aqui: a CI constantemente se vangloria como um ponto de princípio
para excluir a possibilidade de explicações evolutivas, mas logo que é
desafiada nesse terreno, através de uma discussão de cenários evolutivos
plausíveis, os criacionistas do DI fingem que eles sempre estiveram falando sobre caminhos evolutivos reais. Quando confrontados com evidência tangível de história evolutiva real,
os teóricos do CDI recorrem a uma segunda estratégia, desviar suas
reivindicações de design para as partes restantes do quebra-cabeça
evolutivo, como se o problema ‘real’ sempre fora ali. Por exemplo,
Kenneth Miller (2004) demonstrou lindamente as similaridades estruturais
entre um componente do flagelo e o assim chamado sistema secretor tipo
III. Ele argumentou de forma convincente que este é um precursor
evolutivo bastante plausível daquele, que teria sido co-optado pela
evolução para desempenhar uma nova função. Em resposta a essa
demonstração embaraçosa, Behe (2001:689:690) simplesmente mudou sua
atenção para a complexidade do recém descoberto sistema por si próprio,
e ao mesmo tempo teimosamente insistiu que a montagem destes
precursores no sistema do flagelo ainda é impossível sem a ajuda da mão
de um Designer (Behe, 2004:359).
À luz destas
evasões, a questão que surge é se existe alguma quantidade de evidência
genética comparativa, ou qualquer nível de reconstrução evolutiva, que
poderia fazer Behe e seus aliados abandonarem suas afirmações de design.
Por causa da negligência da alegação probabilística de CI (que nunca é
baseada em qualquer quantificação séria das probabilidades), os teóricos
do CDI podem continuar a elevar os requerimentos evidencias a um ponto
onde o conceito de CI é colocado completamente fora do domínio empírico.
De fato, quando pressionado a respeito do conhecimento disponível dos
sistemas CI que ele usa, Behe deixou claro que apenas uma descrição
completa, quantitativa e totalmente detalhada do que realmente aconteceu
ao longo do curso da evolução poderia convencê-lo (Behe, 2007). Em seu
testemunho no julgamento Dover, Behe admitiu:
Eu não só
precisaria de uma análise passo-a-passo, mutação por mutação, como
também que ver a informação relevante tal qual o tamanho da população do
organismo no qual estas mutações ocorreram, qual o valor seletivo para a
mutação, se há alguns efeitos prejudiciais da mutação e muitas outras
perguntas do tipo. (2005:19)
Mas está é uma demanda absurda, que nunca é cumprida em nenhum domínio científico, e que certamente não é cumprida pelos próprios
criacionistas do DI quando eles propõem ‘desing’ como uma explicação
alternativa. Realmente, apesar desta demanda em tal nível elevado de
evidência para evolução do que ele afirma ser sistemas CI, Behe tem sido
completamente relutante em concretar a hipótese de design em qualquer
nível, insistindo que os motivos e características do designer são de
fato inescrutáveis e não nos dá nenhuma pista do seu modus operandi.
Quanto ao requerimento de Behe por conhecimento totalmente detalhado
sobre a história evolutiva, Pigliucci (2002:240) advertiu os biólogos
tenham excesso de confiança ao assumir os desafios criacionistas e não
confundir reconstruções parciais e cenários plausíveis com um completo
entendimento do desenvolvimento evolutivo. De fato, aos teóricos
evolutivos é melhor recomendado tentar explicar por que o ônus da prova
insistida pelos criacionistas é absurdo, e assinalar que o conhecimento
científico nunca será completo a este respeito.
Em qualquer
caso, o que é insincero no espetáculo de Behe é que este desafio a
oferecer uma explicação evolutiva completa e passo-a-passo para os
sistemas CI não é deixado claro desde o começo, mas é uma revisão tardia de sua afirmação original (baseada nas ambiguidades da sua definição). Em Darwin’s black box,
Behe nos deixa com a impressão de que o conceito de CI é um princípio
fácil de ser desafiado, mas quando seus críticos partem para isso, como
nós vimos na discussão com Pennock e Miller, Behe se esquiva e evade
como um coelho sendo caçado. Assim, o que resta do argumento de Behe se
resume ao velho “argumento da incredulidade pessoal” (Dawkins, 1991:38),
o que está muito longe do ‘critério objetivo’ que os teóricos do CDI
têm prometido.
É
interessante notar que o mesmo padrão de raciocínio sempre foi exaltado
nos argumentos criacionistas tradicionais sobre as tais ‘lacunas’ no
registro fóssil. Os criacionistas dizem que seriam facilmente
convencidos da evolução apenas se os ‘elos perdidos’ entre os grupos
taxonômicos aparecerem no registro fóssil. Mas sempre que um tal fóssil é
descoberto, ele reclamam que o intermediário não é realmente o
ancestral do organismo atual (um requerimento impossível a partir dos
fósseis), ou até que os Darwinistas agora enfrentam um obstáculo ainda
maior, pois ele ficaram com duas lacunas para explicar. O último
princípio foi batizado de “Lei de Gish” pelo geólogo Robert S. Dietz
(1983) em homenagem à Duane Gish, criacionista da Terra jovem.
Falsificação e Não-Instanciação
Claro, o
argumento de design baseado na CI sempre permite um retiro final.
Suponha que nós possamos dar os proponentes do CDI um descrição
totalmente detalhada da evolução do flagelo bacteriano. Mesmo que a
insistente teimosia de que o flagelo exibe CI àquele ponto torne-se
absurda até mesmo aos olhos dos criacionistas do DI (embora não possamos
ter tanta certeza disso), eles não teriam que considerar isto como uma
refutação do CDI per se, mas um mero caso específico no qual a alegação de design não foi instanciada.
A expectativa de que este sistema biológico particular exibiria CI e,
portanto, seria um daqueles inconfundíveis traços de design,
simplesmente estaria arruinado e a procura por novos obstáculos à
evolução começaria.
Na verdade, é
sobre isto que é toda a história do movimento criacionista: se o caso a
favor da evolução por seleção natural se torna esmagador, os
criacionistas tipicamente desistem de seus exemplos favoritos de
complexidade e atinam com novos, para os quais as origens evolutivas são
relativamente obscuras (Pennock, 1999:171-172). Por exemplo, uma
objeção tradicional à evolução costumava ser o olho dos vertebrados.
Hoje em dia, o desenvolvimento evolutivo do olho dos vertebrados é bem
compreendido e se tornou um argumento datado contra a teoria evolutiva.
Nem mesmo é um exemplo particular de dificuldade para a teoria da
evolução, pois envolve pressões de seleção relativamente diretas.
Conforme
está sendo revelada a história evolutiva do sistemas do flagelo
bacteriano e a cascata de coagulação sanguínea, a próxima geração de
criacionistas sempre pode rejeitar seus CDI ancestrais e uma nova rodada
de argumentos sem sentido pode começar (embora eles tivessem pelo menos
de admitir que o antigo ‘critério de design’ era defeituoso pois gerou
falsos positivos). Contudo, o abrigo em território desconhecido não pode
continuar para sempre. Realmente, como Robert Pennock (1999:171) notou,
a preocupação atual dos teóricos do CDI com as minúcias bioquímicas
como o sistema propulsor da bactéria E. coli indica “o quão longe os criacionistas tiveram de ir para encontrar lacunas explicatórias significativas na teoria da evolução.”
Movendo as metas
A
característica mais notável do conceito de CI não é muito a sua
ambiguidade, mas a discrepância entre o que ele parece prometer e o que
eventualmente entrega, Na medida em que as reivindicações empíricas
testáveis estão em causa. Na primeira leitura do argumento de Behe, o
leitor desavisado pode ter a impressão de que Behe realmente se impõe e
apresenta aos evolucionistas um claro desafio empírico. Entretanto, este
rigor aparente no conceito de CI como um critério de design, o que é
sem dúvidas um atrativo para os evolucionistas, evapora sob um inspeção
mais de perto. Sob a interpretação fraca, o conceito descreve um
fenômeno bem conhecido no mundo vivo que não é problemático para a
teoria evolutiva. Sob a interpretação forte, os sistemas CI de fato
deixaria a teoria da evolução com sérios problemas, mas Behe não nos deu
indicação de como poderíamos demonstrar se um sistema se qualifica como
CI neste sentido. Em verdade, isso exigiria excluir qualquer história
evolutiva concebível e, portanto, equivaleria a mostrar que nenhuma
parte ou precursor do sistema em questão é capaz de executar qualquer
outra função, em qualquer situação e a qualquer momento.
Isto permite
um interessante estratégia de propaganda enganosa, que se poderia
descrever da seguinte maneira: ‘Primeiro, apresente evidência para CI
fraca no mundo vivo, então faça de conta que CI forte foi demonstrada e
continue equiparar CI com “inevolutibilidade”. Se desafiado em bases
empíricas, volte à versão fraca e acuse seus críticos de distorcer seu
argumento. Mude a reivindicação de CI para subsistemas e montagem de
componentes, continue aumentando os padrões de evidência e reafirme que
tudo isso segue diretamente do critério objetivo simples de CI.
Finalmente, quando realmente pressionado contra qualquer parede, desista
deste sistema particular e encontre rapidamente um novo. Repita o
círculo ad libitum.’
Mais equívocos
O conceito
de CI feito de Behe não é a única instância de equívoco conceitual na
literatura do CDI. Dois exemplos podem ser assunto de pesquisa
posterior. Primeiro, quando escreve a cerca da ‘informação’, William
Dembski subrepticiamente alterna entre a interpretação padrão da teoria
da informação, na qual é uma medida da aleatoriedade de um sistema, a
seu uso coloquial no sentido de ‘mensagem significativa’ (Perakh,
2004:64-75). Esta ambiguidade o permite dar a falsa impressão de que a
‘informação’ codificada no DNA aponta na direção de um designer
inteligente.
Um segundo
exemplo é a respostas dos CDI à série de ratoeiras que John McDonald
concebeu para refutar a reivindicação de que a evolução gradual de
sistemas CI (sendo as ratoeiras mecânicas um exemplo de paradigma) é
impossível. Tendo sido confrontados com sua ausência de imaginação, os
teóricos do CDI agora queixam-se sobre a manifesta necessidade de orientação inteligente
na construção desta série de ratoeiras (Behe, 2004:364-366).
Surpreendentemente, eles argumentam que as ratoeiras de McDonald na
verdade demonstram que um sistema CI sempre requer um Designer
Inteligente. Mas esta réplica ilegitimamente desvia a discussão – que é,
de fato, um artefato humano e, portanto, em qualquer caso irrelevante – da CI de uma ratoeira para a característica cega e não-guiada da evolução.
Conclusão
Embora
Kitzmiller vs. Dover tenha danificado o movimento do CDI em termos de
credibilidade, este não demonstrou sinais reais de desaparecimento. Como
Forrest e Gross observam no posfácio a seu meticuloso estudo da
política e ideologia do CDI, o movimento simplesmente mudou a sua
estratégia novamente. Depois dos recentes contratempos legais, eles
foram forçados a deixar de falar do “design inteligente” e adotar
palavras código como “liberdade acadêmica” e o ensino das “forças e
fraqueza da evolução”. (Forrest and Gross, 2007b: 337) “[C]riacionistas
nunca desistem. Eles meramente mudam sua estratégia a cada nova
derrota.” (Forrest e Gross, 2007a:309)
Conforme
transparece da sua concepção, o rápido sucesso do movimento do CDI nunca
foi devido seus argumentos, mas sua ideologia religiosa, que foi
epitomizada no assim chamado documento da cunha da cada do CDI, o
Discovery Institute (Forrest and Gross, 2007b). Além da motivação
religiosa, se pode apontar fatores sociológicos, culturais e políticos
para explicar o notável sucesso do CDI (fora da comunidade científica,
para ser exato), e é plausível que a persistência dos sentimento
anti-evolutivos e o apelo contínuo do argumento do design também seja
uma função de arraigadas disposições cognitivas e inabaláveis intuições
teológicas a respeito do mundo (Kelemen, 2004; Kelemen and Rosset,
2009).
Contudo, o
anti-evolucionismo pode tomar várias formas, e nem todas elas podem
atingir sucesso cultural igual. Neste artigo nos analizamos algumas das
estratégias retóricas que Behe e outros teóricos do CDI têm usado na sua
apresentação de desafio à evolução e defletir críticas válidas. Por um
lado, nós afirmamos que a exposição de Behe para CI tem a aparência de
um critério objetivo de design, o que o faz superficialmente mais
respeitável do quê o antiquíssimo “argumento da incredulidade pessoal”.
Por outra lado, os equívocos cometidos na construção da definição de CI o
permite seus uso constante como um alvo móvel (Boundry and Braekman,
2010), uma espécie de quimera conceitual que é difícil de ser definida
pelos críticos. Estas considerações, em parte, explicam porque o
conceito de CI foi saudado pelo movimento como o desafio final à teoria
evolutiva, e porque, apesar da sua completa falta de méritos
científicos, proeminência no movimento do CDI e porquê, apesar da sua
ausência de méritos científicos, ela até mesmo convenceu algumas pessoas
bem informadas da iminente morte da teoria evolutiva. Como Robert
Pennock (1991:1) escreveu:
Pensamos no
criacionismo como um conjunto de ideias que se reproduzem espalhando-se
de mente para a mente e lutando com idéias concorrentes para um lar
entre as crenças de uma pessoa. Às vezes, ele perde para ideias rivais
mais poderosas, mas às vezes encontra solo mental receptivo, toma raiz e
espera para ser repassado de novo.
De fato, nas
duas décadas passadas o conceito de CI parece ter encontrado solo
mental receptivo entre os anti-evolucionistas. Uma análise dos
convenientes equívocos conceituais inerentes à CI, e as estratégias
retóricas com as é apresentada, nos ajuda a entender esta notável
fertilidade.
Bibliografia
2005.
Kitzmiller vs Dover Area School District. Transcript of proceedings.
Afternoon session, 400 F. Supp. 2d 707. U.S. District Court for the
Middle District of Penssylvania.
Behe, M J.
1996. Darwin Under the Microscope. The New York Times, October 29, 25.—.
2001. Reply to my critics: A response to reviews of Darwin’s Black Box:
the biochemical challenge to evolution. Biology & Philosophy,
16(5):683-707.
—. 2004.
Irreducible complexity: obstacle to Darwinian evolution. In W. Dembski
and M. Ruse (eds.), Debating design: from Darwin to DNA, pp. 352-370.
Cambridge University Press, New York.
—. 2006. Darwin’s black box : the biochemical challenge to evolution (10th Anniversary Edition).
Simon and
Schuster, New York, NY.—. 2007. The edge of evolution : the search for
the limits of Darwinism. Free press, New York (N.Y.).
Boudry, M,
and Braeckman, J. 2010. Immunizing strategies & epistemic defense
mechanisms. Philosophia, 10.1007/s11406-010-9254-9.
Cairns-Smith, A G. 1986. Seven clues to the origin of life: a scientific detective story. Cambridge University Press, Cambridge.
UK.Ciliberti, S, Martin, O C, and Wagner, A. 2007. Innovation and
robustness in complex regulatory gene networks. Proceedings of the
National Academy of Sciences, 104(34):13591.
Dawes, G W. 2007. What is wrong with intelligent design? International Journal for Philosophy of Religion, 61(2):69-81.
Dawkins, R. 1991. The blind watchmaker. Repr. ed. Penguin books, Harmondsworth.
Dembski, W A. 1999. Intelligent design : the bridge between science and technology. InterVarsity press, Downers Grove, IL.
—. 2002. No
Free Lunch: Why specified complexity cannot be purchased without
intelligence. Rowman & Littlefield Publishers, Lanham, Ld.
Dunkelberg, P. 2003. Irreducible complexity demystified, Talk Reason.www.talkdesign.org/faqs/icdmyst/ICDmyst.html.
Forrest, B C, and Gross, P R. 2007a. Biochemistry by design. Trends in Biochemical Sciences, 32(7):301-310.
—. 2007b. Creationism’s Trojan horse : the wedge of intelligent design (Updated). Oxford university press, Oxford.
Kelemen, D.
2004. Are children “intuitive theists”? Reasoning about purpose and
design in nature. Psychological Science, 15(5):295-301.
Kelemen, D, and Rosset, E. 2009. The Human Function Compunction: Teleological explanation in adults. Cognition, 111(1):138-143.
Lenski, R E, Ofria, C, Pennock, R T, and Adami, C. 2003. The evolutionary origin of complex features. Nature, 423(6936):139-144.
Miller, K R.
2000. Finding Darwin’s God : a scientist’s search for common ground
between God and evolution. HarperCollins, New York (N.Y.).
—. 2004. The
flagellum unspun. The Collapse of “Irreducible Complexity”. In W.
Dembski and M.
Ruse (eds.), Debating design: from Darwin to DNA, pp.
81-98.
Morris, H. 1974. Scientific Creationism (general edition). Creation-Life Publishers, San Diego.
Muller, H J.
1918. Genetic Variability, Twin Hybrids and Constant Hybrids, in a Case
of Balanced Lethal Factors. Genetics, 3:422-499.14
Orr, A H.
1997. Darwin vs. Intelligent Design (again): The latest attack on
evolution Is cleverly argued, biologically informed—and wrong. Boston
Review, 22(6).
Pennock, R T. 1999. Tower of Babel : the evidence against the new creationism. MIT press, Cambridge (Mass.).
—. 2000.
Lions, Tigers and APES, Oh My! Creationism vs. Evolution in Kansas, AAAS
Dialogue on Science, Ethics and Religion, The University of Kansas.http://www.aaas.org/spp/dser/02_Events/Conferences/CF_2000_04_1415_Teach/Abstract_Pennock.shtml.
Perakh, M. 2002. A free lunch in a mousetrap. http://www.talkreason.org/articles/dem_nfl.cfm#salvage.
—. 2004. Unintelligent design. Prometheus books, Amherst (N.Y.).
Pigliucci, M. 2002. Denying evolution : creationism, scientism, and the nature of science. Sinauer Associates, Sunderland, MA.
Ratzsch, D.
2005. How Not to Critique Intelligent Design Theory. Ars Disputandi: The
Online Journal for Philosophy of Religion, 5.
Roth, A A. 1980. Implications of the various interpretations of the fossil record. Origins, 7(2):71-86.
Shanks, N,
and Joplin, K. 1999. Redundant Complexity: A Critical Analysis of
Intelligent Design in Biochemistry. Philosophy of Science,
66(2):268-282.
Sober, E.
2002. Intelligent design and probability reasoning (Developing an
philosophical epistemology of irreducible complexity). International
Journal for Philosophy of Religion, 52(2):65-80.
—. 2008. Evidence and Evolution: the logic behind the science. Cambridge University Press, Cambridge.
Young, M,
and Edis, T. 2006. Why intelligent design fails : a scientific critique
of the new creationism. Rutgers University Press, New Brunswick, N.J.
Nenhum comentário:
Postar um comentário